Wölfli, Adolf

Suíça, 1864 – 1930

É longa a lista dos artistas fascinados por Wölfli, entre eles Jean Dubuffet, André Breton, Annette Messager, Arnulf Rainer, etc. Na opinião de Breton, Wölfli representa «uma das três ou quatro obras de referência do século XX».

Nascido em Bowil, em 1864, Adolf Wölfli tem uma infância dura; o pai, que trabalhava em pedra, gasta o ordenado em bebida e abandona a família em 1872. Sem meios de sustento, Wölfli e a mãe são contratados para trabalhar em quintas diferentes. Em 1874 Wölfli vem a ter conhecimento que a mãe morrera havia três meses. Passa por várias famílias de acolhimento, e recebe tratamento, com vista a prosseguir os estudos. As desilusões amorosas não só o afetam como marcam todo o seu percurso. Em 1890 é preso por duas tentativas de violação; cinco anos mais tarde, nova queixa leva ao seu internamento na clínica psiquiátrica de Waldau, próximo de Berna, onde vem a morrer de cancro do estômago em 1930.

Desde 1899 que Wölfli imerge no antro da criação elaborando um universo pessoal e complexo que culmina na epopeia de Santo Adolfo II. Ao longo desta narrativa vai reinventando o seu próprio passado e projeta um futuro utópico no qual Santo Adolfo II coloniza o universo, até aos confins do espaço, criando um império desmesurado que obriga Wölfli a aumentar o sistema numérico em várias unidades, a mais elevada denominada cólera. Em celebração deste porvir, desenhos, registos manuscritos, colagens e pautas de música dialogam num conjunto magistral de 25 000 páginas. Walter Morgenthaler, psiquiatra da instituição, interessa-se pelo seu trabalho e dedica-lhe, em 1921, a obra Ein Geisteskranker als Künstler (Um doente mental enquanto artista), que leva muitos artistas e colecionadores a interessar-se pela vida e obra de Wölfli e a quem este aceita vender a obra «Brodkunst», criada para o efeito. Redescoberta por Jean Dubuffet em 1945, esta obra monumental é internacionalmente reconhecida, muito para além do circuito da arte marginal.