Babahoum, Mohamed

Marrocos, 1936

Mohamed Babahoum nasceu a cerca de trinta quilómetros de Essaouira, um porto no Oceano Atlântico, numa aldeia rodeada de árvores de argão. Já adulto, fugiu do trabalho agrícola na sua aldeia e mudou-se para mais perto de Essaouira. Tornou-se um negociante de artigos em segunda mão, fornecendo aos comerciantes do souk tudo o que encontrava. Mais tarde, trataria de um lagar de azeite com a ajuda de um camelo. Envelhecendo, começou a desenhar, sem convicção, por acaso. Um dia, quando estava no souk, mostrou os seus desenhos a um amigo: “Foi o meu sobrinho que fez isto”, disse. Com o tempo envolveu-se no jogo e já não hesita em reivindicar o seu trabalho como seu: “Fui eu que o fiz. Quer mais? ”Desenhou primeiro com uma esferográfica no verso das folhas utilizadas ou no verso em branco as instruções de manutenção. Mais tarde, abandonou o papel usado e optou por caixas de embalagem mais grossas. Com uma caneta de feltro preta delineia as silhuetas das suas figuras. O seu mundo é povoado por burros, oásis, patos, poços, souks, tapetes, palmeiras, muros, cabras nas árvores e velhos a acenar com as bengalas para o céu. Em 2014, Mohamed Babahoum foi hospitalizado com o diagnóstico de pneumonia; após este acontecimento deixou de falar durante muito tempo. Vive agora com o seu filho. Apesar da idade, do cansaço e da doença, não parou de pintar e desenhar.

Fonte: Coleção ABCD